Casa dos Coimbras - Reunião Familiar
Antes da Missa, o 14º Administrador da Capela e Casa dos Coimbras, D. Rodrigo de Coimbra de Queiroz Vasconcelos e Lencastre, proferiu as seguintes intenções da Missa:
“1ª. A primeira intenção da Missa será para satisfazer as determinações testamentárias do Dr. João de Coimbra, a quem se deve a construção desta Capela nos princípios de 1500, em honra a Nossa Senhora da Conceição da Guia, escolhida também para seu sarcófago, em que se encontra sepultado desde então e onde assentou também a sede do Morgadio dos Coimbras, instituído por 1530, por mercê de El Rei D. João III.
2ª. A segunda intenção será de sufrágio da alma da nossa Prima, D. Mariana Kendall Forbes de Bessa Lencastre, falecida a 18 de Fevereiro deste ano, com 95 anos, tendo sido presença assídua nestes nossos encontros marianos. Aos seus filhos, Mariana, Manelinha e António de Bessa Lencastre, hoje aqui presentes, assim como às suas irmãs, estendemos o nosso abraço fraterno.
3ª. Pedimos também pela alma do nosso bom amigo Dr. António Miranda da Rocha, caído no passado dia 13 de Outubro e que em vida marcou presença em algumas destas nossa reuniões anuais.
4ª. A quarta intenção será em sufrágio das almas de todos aqueles, parentes e amigos, falecidos, que de há 46 anos para cá assistiram a algumas destas reuniões anuais, a 8 de Dezembro, nesta Capela, relevando de forma especial os Administradores desde Morgadio que me antecederam.
5ª. Pelo restabelecimento do Reverendíssimo Cónego António Macedo, nosso Capelão de longa data, tendo celebrado a Missa connosco nesta Capela ao longo dos últimos 30 anos e que se encontra em convalescença desde há já algum tempo para cá; que Nossa Senhora da Conceição lhe conceda novamente a Graça da saúde e assim interceda por ele junto de Deus Pai.
6ª. Fazemos ainda uma intenção especial pelos nossos Primos Margarida e Carlos Pouzada que hoje celebram as suas Bodas de Ouro, pedindo a Deus lhes conceda a saúde e tranquilidade que lhes tem faltado neste último ano, estendendo também as suas bênçãos aos seus filhos, Carlos, Joana, Teresa, Mariana e José Carlos e seus netos.
7ª. Finalmente e como valor da Missa é infinito, fazemos intenção e Acção de Graças por duas vidas que, não estando hoje fisicamente presentes nesta Missa, simbolizam e encarnam ambas os extremos geracionais da nossa Família: a minha querida Tia Guidinha, D. Maria Margarida Lencastre, cujas cem Primaveras celebrámos em Janeiro deste ano (matriarca centenária da Família Lencastre) e o meu Primo D. João Maria de Peixoto Magalhães de Vasconcelos e Lencastre, filho primogénito dos meus primos Teresa Furtado e D. Gaspar Lencastre, nascido há dois dias, sendo por isso o membro mais novo da nossa Família. Cem anos que atravessam assim quatro gerações desta Família. Para ambos, pedimos a Nossa Senhora da Conceição da Guia, Padroeira desta Capela, as graças divinas e bênçãos marianas.”
Após a Missa, seguiu-se o tradicional brinde com vinho fino do Douro, tomado na Sala do Capítulo da Torre dos Coimbras, durante o qual D. Rodrigo Lencastre proferiu palavras de boas-vindas a todos os convidados, baseadas nas seguintes notas previamente preparadas:
1. Primariamente e respeitando a nossa matriz familiar católica, fazemos a nossa Ação de Graças a Deus Pais e a Nossa Senhora, pelo privilégio de nos podermos reunir uma vez mais neste 8 de Dezembro, algo que fazemos ininterruptamente há já 46 anos. Celebrar a Família e a Amizade nesta dimensão mais formal e institucional, dando seguimento à vontade última do nosso antepassado D. João de Coimbra, releva a importância dos nossos laços e reforça de forma mais digna o seu estreitamento, sempre sob o regaço da nossa Mãe Celestial, cujo dia da Sua Conceição hoje celebramos.
2. Muitos foram os “romeiros” familiares e amigos, que passaram por este Torreão dos Coimbras ao longo dos últimos 46 anos e muitos mais esperamos possam vir a passar no futuro. Somos assim as pedras vivas deste nosso “monumento familiar”. Mas o sinal maior da vivacidade destas nossas reuniões anuais, encarna nos nossos “estreantes anuais”, que pela primeira vez acorrem a esta celebração. Este ano relevo os nossos Primos Ana Maria Lencastre e seu marido Luis Megre Bessa, a Catarina Ribeiro da Cruz, mulher do nosso Primo Miguel Lencastre Duarte Monteiro, o nosso amigo António dos Santos Palha, cujo Pai privou durante longos anos, tanto nas lides escutistas, como nas da reconstrução da Casa dos Coimbras (chegando a ser também Procurador da nossa Capela), com o meu Bisavô D. José de Lencastre e posteriormente com o meu Avô D. António de Lencastre e meu Tio-Avô D. José Paulo de Lencastre e ainda os mais novos, nosso Primo Gaspar Carona, filho da Leonor Lencastre e do Vicente Carona, que se estreia nestas andanças logo no seu primeiro ano de vida (bom presságio) e as primas Maria Isabel e Maria Margarida Fleming Torrinha, netas dos nossos primos aqui presentes, Mariana Lencastre e José Fleming Torrinha.
Sejam todos bem-vindos ao Clã dos Coimbras e possam doravante brindar connosco neste dia, todos os anos!
3. O ano passado, nesta mesma Sala do Capítulo, brindámos em homenagem a dois antepassados, cujas obras em vida permitiram estarmos hoje aqui, acolhidos por estas paredes de cinco séculos. Foram eles o Dr. João de Coimbra, construtor e fundador da Capela e Casa dos Coimbras e o meu Bisavô D. José de Lencastre, reconstrutor e salvador da Casa dos Coimbras, tendo conseguido em 1924 resgatá-la à sua total destruição, reconstruindo-a de raiz, pedra por pedra, no lado Norte da estrada que, por sua vez, foi construída no início do século XX, dando origem ao Largo de Santa Cruz que hoje conhecemos, mas que na altura implicou a demolição do Palacete dos Coimbras, situado então em área que corresponderia hoje ao lado Sul da dita rua.
Brindado este passado familiar, este ano a homenagem que gostaria fazer é dirigida às gerações futuras, encarnadas nos nossos filhos e netos. Possam eles prolongar o espírito destas nossas reuniões nos Valores e Princípios que defendemos e tentamos viver. Estejam eles à altura dos desafios e dificuldades que um mundo cada vez mais mundano e vulgar lhes irá colocar. Verdade é que a espuma destes nossos dias se tem feito sentir em vagas corrosivas de um relativismo perigoso, facilitador e comodista, conveniente para alimentar os egoísmos e apetites imediatos dos que tudo querem, mas que nada fazem.
Temo que esta nossa descendência próxima tenha de enfrentar, cedo ou tarde (e será sempre cedo demais) novas ameaças de destruição/demolição destes muros que hoje aqui vivemos e celebramos. Muros que simbolizam a nossa Fé e a nossa Honra, sustentadas na Verdade, na Justiça e no Carácter de cada um de nós. Não percamos também nós a coragem de os assumir ao longo da nossa Vida.
Sirvam também estas reuniões para nos revitalizarmos neste propósito, alimentando-nos de forças e ânimo uns dos outros, nesta nossa Família de Sangue e Amizade para assim continuarmos a lutar contra o “desconcerto” deste mundo
Aos nossos mais pequenos, os que nos continuam, saibamos ser exemplo nas palavras e nas ações, falando-lhes, sem medo, com a nossa Razão e a nossa Alma sobre Deus, a Pátria, a Família, a Honra, o Amor e o Respeito ao Próximo, ajudando-os desta forma a construir também a sua Razão e a sua Alma que um dia serão a espada e o escudo para os seus combates do Amanhã.
4. Apesar desta espuma dos nossos dias, que vos falo com mágoa e preocupação, não esqueçamos, pois, o verdadeiro oceano que nos envolve e nos é fonte de vida. Hoje é um desses dias, em que temos o privilégio de sentir este mar que nos une a todos como Família. O facto de estarmos hoje aqui a brindar aos que foram e aos que hão de ser, é sem dúvida um farol de esperança para o Futuro – é também mais um exemplo que damos aos mais novos. Também por isso, tenho como de grande responsabilidade e reforçada importância o compromisso de continuarmos a realizar estas celebrações anuais neste dia da nossa Padroeira de Portugal, bebendo da fonte deste Vinho Fino da nossa Família, néctar divino dos valores católicos e lusitanos.
Termino com um mote que em tempos me foi dado a reflectir como lema de vida:
“Quem muito tem, muito pode. Quem nada tem, pode tudo. Tudo tem para vencer…nada tem a perder. Resta construir!”
Que Deus Pai e Nossa Senhora da Conceição nos concedam, a nós e aos nossos filhos, a sabedoria para bem decidir e a coragem para bem agir… e construir.
Ao futuro, aos nossos filhos:
PORTUGAL, PORTUGAL, PORTUGAL! VIVA!
Seguiu-se um almoço-convívio no Jardim da Casa dos Coimbras, no final do qual, cumprindo a tradição, a Prima do actual Administrador, Ana Lencastre Nunes de Oliveira, com a ajuda do próprio D. Rodrigo de Lencastre, leu para todos a Acta, relativa à reunião familiar do ano de 2022, com indicação dos nomes de todos os presentes no almoço-convívio por essa ocasião.