Casa dos Coimbras – Reunião Familiar
Missa pelas 11:00 horas na Capela da Nossa Senhora da Conceição da Guia, celebrada pelo Reverendíssimo Cónego António Macedo, com homilia em honra de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal. Missa pelas 11:00 horas na Capela da Nossa Senhora da Conceição da Guia, celebrada pelo Reverendíssimo Cónego António Macedo, com homilia em honra de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal. Devido à proibição de mobilização física dos cidadãos entre Concelhos, determinada pelo Governo Português, com o intuito de abrandar o contágio da pandemia Corona Covid-19 que tem flagelado Portugal e o Mundo ao longo do ano de 2020, apenas estiveram presentes na Cerimónia, em representação simbólica de toda a Família, o actual Administrador do Morgadio, D. Rodrigo de Lencastre, juntamente com sua irmã D. Maria Isabel de Lencastre e seu primo D. Gaspar de Lencastre. A Missa foi transmitida em directo para os demais familiares e amigos que não puderam estar presentes, através da Internet, via Teams.
Antes da Missa, o 14º Administrador da Capela e Casa dos Coimbras, D. Rodrigo de Coimbra de Queiroz Vasconcelos e Lencastre, proferiu as seguintes intenções da Missa:
“1ª. A primeira intenção da Missa será para satisfazer as determinações testamentárias do Dr. João de Coimbra, provisor do Arcebispo de Braga, D. Diogo de Souza, e a quem se deve a construção desta Capela nos princípios de 1500. Foi nesta Capela, que o Dr. João de Coimbra escolheu para seu sarcófago e na qual se encontra sepultado, que viria a assentar também a sede do Morgadio dos Coimbras que ele instituiria em 1530, por mercê de El Rei D. João III.
2ª. Serão estas segundas intenções de sufrágio pelas almas de todos aqueles que, acorrendo a esta cerimónia anual, foram caindo ao longo dos 43 anos que ela se vem realizando. Lembramos de uma forma especial, os nossos Familiares e Amigos mais próximos que, atravessando 4 gerações, comungaram connosco desta Missa tão especial, celebrada em honra a Nossa Senhora da Conceição.
3ª. A terceira intenção será um prolongamento da anterior, pedindo nós pelas almas dos últimos Administradores deste Morgadio dos Coimbras que me precederam, cada um deles representando os caídos da sua geração: D. José Maria de Lencastre, D. António de Lencastre e D. Miguel de Lencastre.
4ª. Para além dos mortos, também os vivos serão intencionalmente lembrados na Missa, com especial carinho a nossa querida Tia Guidinha, D. Margarida Maria de Lencastre, pedindo a Nossa Senhora que a proteja e lhe conceda muitas graças. Que o seu sorriso e a sua força nos continuem a inspirar por muitos mais anos, sem longe nem distância.
5ª. Por último e como o valor da Santa Missa é infinito, pedimos também por todos nós que assistimos a esta celebração, aqui nesta Capela ou em nossas casas, através da sua transmissão em directo, via internet. Condicionados pela pandemia que hoje grassa pelo Mundo inteiro, pedimos-vos Senhor, por intercepção de Vossa Mãe, a vossa proteção e auxílio neste momento de maior aflição, de uma forma especial para os que neste momento mais sofrem, directa ou indirectamente, com o flagelo desta doença.”
Após a Missa e na impossibilidade de se realizar o tradicional brinde com vinho fino do Douro, tomado na Sala do Capítulo da Torre dos Coimbras, pelas razões pandémicas já indicadas, D. Rodrigo de Lencastre encerrou a transmissão em directo, via Internet, com uma breve alocução, baseada nas seguintes notas, previamente preparadas:
“Querida Família,
Queridos Amigos,
Desejo apenas partilhar umas breves palavras para com todos os que nos seguem em casa, através da transmissão online, via internet.
Foi com tristeza que este ano, pela primeira vez
em 43 reuniões familiares do dia 8 de Dezembro, não nos foi permitido congregar
nesta nossa Capela dos Coimbras, nem tão pouco subir ao Torreão para o nosso
tradicional brinde da praxis.
Não foi o tempo sempre tão escasso, nem a distância tão longa, nem as vicissitudes mais rotineiras das nossas vidas que nos obrigaram a prescindir da nossa celebração anual. Foi, sim, um pequeníssimo ser que, invisível aos olhos, se revela mais poderoso e implacável que muitas outras ameaças e inimigos, tome ele a forma da doença física, ou a da angústia do medo que incute em muitos.
E foi precisamente para fazer face a esta angústia dos dias de hoje, que fizemos por manter esta celebração viva e partilhada, através das novas tecnologias. Não queríamos, nem podíamos prescindir da celebração destes nossos rituais centenários nesta pequena e singela Capela que alberga em si toda uma espiritualidade e um legado vastíssimos e resistentes ao tempo. Por maiores que sejam as tormentas e os medos, a Fé permanece o farol sobre o rochedo que é a Família do sangue e a dos amigos.
Desde há mais de 500 anos para cá, este mesmo Altar, consagrado a Nossa Senhora da Conceição da Guia, foi testemunha dos tempos mais terríveis e difíceis, aos quais Portugal e os nossos antepassados subsistiram. Tenhamos nós a humilde capacidade de colocar este dia e este ano de 2020 sob o plano desses 5 séculos e, se o fizermos de forma honesta e despretensiosa, na verdade, saberemos valorizar ainda mais os nossos egrégios Avós que das brumas da memória levaram Portugal a muitas vitórias.
Sirvam então estes tempos, o da pandemia também, mas acima de tudo o do Natal, para nos curvarmos sobre nós próprios, numa dimensão abnegada e fiel à Verdade, convidando-nos a acolher e a assumir o essencial do que somos, do que vivemos, do que queremos ser e do queremos viver.
Antes de vos deixar com uma pequena e terna oração, queria apenas fazer uma última invocação… para mim, a mais importante deste dia: a minha querida Tia Zé, D. Maria José de Lencastre, Mãe do meu primo Gaspar, que estando hoje a atravessar uma provação muito difícil na doença, nos mostra a Força e Coragem que devemos assumir para enfrentar as adversidades e os medos que se nos deparam ao longo da nossa vida. Que Deus conceda a vitória final à Tia Zé e que a sua Força e Coragem nunca esmoreçam, devidamente fortalecidas pelas nossas orações.
Que Teus olhos, Menino, ensinem largueza e altura
aos meus olhos.
Que Teus olhos curem os meus da fadiga e dos seus
filtros.
Que Teus olhos desimpeçam a visão fragmentária,
parcial e indecisa.
Que Teus olhos devolvam aos meus olhos o vento
azul da viagem e a sua alegria.
Devolvam o real como anel aberto, em vez dos
círculos obsidiantes e fechados.
Devolvam o aberto como imagem e programa.
Que Teus olhos, Menino, ensinem aos meus o seu Natal.
Cardeal José Tolentino de Mendonça:
Que o Deus Menino e Sua Mãe olhem por nós. Amén.
Portugal, Portugal, Portugal… VIVA!!!”
Terminada a transmissão em directo, via Internet, deram-se por encerradas as cerimónias deste ano de 2020.