Missa pelas
11 horas na Capela da Nossa Senhora da Conceição da Guia, celebrada pelo
Reverendíssimo Cónego António Macedo, com homilia em honra de Nossa Senhora da
Conceição, Padroeira de Portugal.
Antes da
Missa, D. Rodrigo de Coimbra de Queiroz Vasconcelos e Lencastre, neto do actual
Administrador da Capela e Casa dos Coimbras D. António de Queiroz Vasconcelos e
Lencastre proferiu as seguintes intenções da Missa:
“1ª. O
primeiro sufrágio será pela alma do Dr. João de Coimbra, Provedor do
Arcebispado de Braga, instituidor do Morgadio dos Coimbras e fundador desta
Capela, cabeça desse Morgadio, que ele escolheu também para sua sepultura e
onde se encontra jazido.
2ª. Como
segundo sufrágio e o mais importante será pela alma do Filho Primogénito do
actual Administrador e meu Pai, D. Miguel de Coimbra Queiroz de Vasconcelos
Lencastre, falecido a 12 Julho deste ano. A sua generosidade, abnegação e total
compromisso com a Verdade e o Bem nunca serão esquecidos pela nossa Família. A
sua Fé e a sua Portugalidade, reflectidas no seu patriotismo, na sua coragem e
dignidade, tanto em tempos de guerra como nos de paz, foram honradas por meu
Pai até ao último dos seus dias de vida terrena. Seja D. Miguel Lencastre um
exemplo, sempre vivo e presente, para os que cá ficam.
3ª. Outra
intenção, também ela de importância reforçada, será para que meu Avô, o actual
Administrador da Capela e Casa dos Coimbras, D. António de Queirós Vasconcelos
e Lencastre, que se encontra em convalescença desde há poucos meses, brevemente
se restabeleça e possa estar aqui presente de hoje a um ano, continuando a
administrar e a dar cumprimento às disposições testamentárias do nosso tão
valoroso antepassado, o Dr. João de Coimbra.
4ª. Pelo
restabelecimento do nosso leal e amigo Sr. Manuel Macedo, Procurador desta
Capela desde longa data, sujeito a intervenção cirúrgica delicada, pedimos a
Deus as suas rápidas melhoras.
5ª. Como o
valor da Missa é infinito, vamos pedir-lhe também sufrágio pelas muitas almas
dos já falecidos que aqui vieram a estas reuniões anuais nestes últimos trinta
e nove anos consecutivos.
6ª. Do mesmo
valor infinito da Missa esperamos que alguma graça ou réstia de virtude nos
caiba, a nós, os vários que tão devotamente a ela assistimos e presenciamos.”
Após a Missa,
seguiu-se o tradicional brinde com vinho fino do Douro, tomado na Sala do
Capítulo da Torre dos Coimbras, durante o qual D. Rodrigo Lencastre proferiu
palavras de boas-vindas a todos os convidados, baseadas nas seguintes notas
previamente preparadas:
"Um primeiro agradecimento dirigido a Deus e a Nossa Senhora da Conceição
(data festiva) pelo privilégio de podermos estar reunidos desde há 39 anos para
cá – por esse privilégio, fazemos a nossa Acção de Graças.
Um segundo agradecimento aos presentes: Familiares e Amigos. Como é
tradição, felicitamos de forma especial os estreantes nestas andanças (este ano
no entanto, somos todos veteranos). Sejam bem-vindos a este Clã.
Tem sido um ano muito difícil para a nossa família: desaparecimento de meu
Pai, que seria o 14º. natural herdeiro do legado do Dr. João de Coimbra, como
filho primogénito do actual Administrador, o meu Avô.
A Homenagem feita nas intenções da Missa deve ser
lembrada e seguida como exemplo. Da mesma forma, é com muita honra que seguirei
o legado e continuarei a luta de muitos dos combates que meu Pai deixou por
terminar. A ele também brindarei todos os dias da minha vida!
Uma palavra inevitável e muito sentida pelo meu Avô (actual Administrador)
que nos seus incansáveis 103 anos, nunca falhou um 8 de Dezembro e este ano
viu-se obrigado a não estar presente. É com muita responsabilidade e consciente
do valor e simbolismo que esta nossa linha dos Coimbras encerra nas muitas
gerações passadas e nas vindouras, que hoje o represento neste dia. É com
esperança redobrada que esperamos ter o meu Avô novamente entre nós de hoje a
um ano, aqui na Casa dos Coimbras.
Por último, uma palavra sobre o testemunho que hoje aqui prestamos,
todos em comunhão: os rituais e tradições são para mim uma rede que liga o
passado e o futuro, como que num único elo que somos nós, aqui e hoje – no
presente. Ao prestarmos homenagem aos nossos antepassados, afirmamos as nossas
origens com orgulho – a nossa identidade : o “de onde vimos” define-nos a
nós e aos nossos valores e princípios. São estes que orientarão o nosso “para
onde vamos”. Hoje lembramos os que já foram e desta forma damos exemplo para
que a nossa descendência também nos lembre amanhã. Não nos bastam os laços de
família e amizade. Estes, se não forem reforçados com os ritos e as cerimónias
temporais, como esta que aqui realizamos desde há 39 anos para cá, correm o
risco de cair no esquecimento da distância ou na desumanidade que a nossa
cultura materialista e massificada de hoje nos impõe. Seja este nosso
testemunho, exemplo e animo para as gerações mais novas – as dos nossos filhos
e netos.
Ergamos então os cálices com entusiasmo e orgulhosos das
nossas raízes.
PORTUGAL,
PORTUGAL, PORTUGAL! VIVA!"
Seguiu-se um
almoço convívio no restaurante “Caldo Entornado”, no Centro
Histórico de Braga.