Casa dos Coimbras - Reunião Familiar
Missa pelas
11 horas na Capela da Nossa Senhora da Conceição da Guia, celebrada pelo
Reverendíssimo Cónego António Macedo, com homilia em honra de Nossa Senhora da
Conceição, Padroeira de Portugal.
Antes da
Missa, D. Rodrigo de Coimbra de Queiroz Vasconcelos e Lencastre, neto do actual
Administrador da Capela e Casa dos Coimbras D. António de Queiroz Vasconcelos e
Lencastre proferiu as seguintes intenções da Missa:
“1ª. A primeira intenção será por
alma do Dr. João de Coimbra, fundador desta Capela de Nossa Senhora da
Conceição da Guia, que ele instituiu cabeça do Morgadio e nela se encontra
jazido.
2ª. Como segundo sufrágio, o mais
importante e também dos mais pesarosos até hoje celebrados nestas Missas
anuais, será pela alma de meu Avô, D. António de Queirós Vasconcelos e
Lencastre, 13º Administrador e Herdeiro do Morgadio dos Coimbras, até à data da
sua morte no passado dia 6 de Setembro. Foi ele, juntamente com o seu irmão D.
José Paulo de Lencastre, que instaurou estas nossas reuniões familiares,
celebradas todos os dias 8 de Dezembro, desde há 40 anos para cá. A morte de D.
António, português de carácter nobre e inspirador, depositário de uma vida
longa e plena, impele-nos a dar Graças a Deus pelo privilégio de termos vivido
com ele parte dos seus 104 anos, partilhando os laços inquebráveis do amor
familiar e da amizade genuína. A dor e o luto são impiedosos, mas mais elevada
deverá ser a nossa homenagem ao Homem e à sua Obra deixada nesta terra. Morreu
o Homem, um Cristão devoto e um dos grandes filhos da Pátria Portuguesa. Seja
sempre D. António exemplo para nós, os que cá ficamos e os que nos seguirão.
3ª. Não menos triste e difícil será
esta terceira intenção, por alma de D. Maria Teresa de Lencastre Torres, minha
querida Tia Teresinha e irmã enternecida de meu Avô, que, com 92 anos, morreu
recentemente no passado dia 24 de Novembro.
Tantas vezes presente nestas
reuniões anuais, a Tia Teresinha deixará sempre em nós saudade profunda e uma
inspiração de Generosidade e Amor, de que os seus 13 filhos, 28 netos e 18
bisnetos serão sempre testemunhas vivas.
4ª. Ainda como intenção desta Missa,
pedimos também pelas muitas almas dos já falecidos que aqui vieram a estas
reuniões anuais nestes últimos 40 anos consecutivos, bem como por todos os
nossos familiares e amigos que presentemente se encontram em convalescença de
saúde.
5ª. Por último e como o valor da
Missa é infinito, atrevo-me a pedir-lhe para mim alguma graça e bênção na
condução desta minha nova missão como 14º Administrador do Morgadio dos
Coimbras, continuando assim a dar cumprimento às disposições testamentárias do
nosso tão valoroso antepassado, o Dr. João de Coimbra e prolongando nos anos
vindouros estas reuniões de Família e Amizade. Possa eu estar à altura dos
nossos antepassados, em honra e carácter e assim poder passar este precioso
legado aos nossos descendentes para que o continuem no futuro mais distante.”
Após a Missa,
seguiu-se o tradicional brinde com vinho fino do Douro, tomado na Sala do
Capítulo da Torre dos Coimbras, durante o qual D. Rodrigo Lencastre proferiu
palavras de boas-vindas a todos os convidados, baseadas nas seguintes notas
previamente preparadas:
O primeiro agradecimento é dirigido a Deus e a Nossa Senhora da Conceição (data festiva) pelo privilégio de podermos estar reunidos desde há 40 anos para cá – por tal, fazemos a nossa Acção de Graças.
Agradecemos também aos presentes: Familiares e Amigos. Como é tradição, felicitamos de forma especial os estreantes nestas andanças, Júlia e José Luís Canedo, meus tios por afinidade, e a pequena Mariana Lencastre, minha filha benjamina, baptizada este ano nesta nossa Capela a 22 de Julho. Sejam todos bem-vindos!
Há um ano atrás, recordávamos com tristeza e saudade a morte de meu Pai. Não lhe bastando essa grande perda, a implacável morte levou-nos também este ano a nossa pedra basilar familiar – o meu Avô, o Pai do meu Pai. Este meu primeiro ano como 14º Administrador do Legado dos Coimbras, gostaria apenas de o distinguir com uma sentida homenagem aos que me precederam.
Seguindo esta minha intenção, partilho convosco alguns excertos do discurso que proferi a meu Avô, aquando da celebração dos seus 100 anos de vida, a 9 de Agosto de 2013. Por fim, servirão também estas próximas linhas para consubstanciar a génese e o espírito que fundeia e anima estas reuniões anuais, as correntes familiares e fraternais que se elevam acima do tempo e se prolongam no sangue, nos valores e nos ideais, que meu Avô tão zelosamente encarnou:
"Caros Familiares e Amigos,
Meu querido Avô, (...)
Nesta ocasião, é com uma certeza sentida, mas não
racionalizada, que invoco aqui, como estando presentes nesta celebração, todos
os nossos antepassados já idos que viveram e festejaram a vida de meu Avô. Ao
honrar os nossos antepassados, estaremos sempre a celebrar os que vivem, pois
não há rio sem nascente, nem há netos sem avós. (...)
É também minha convicção que a melhor forma de
celebrarmos o Homem, faz-se, comemorando os Princípios e Ideais que estão na
génese da sua Alma. Assim o desejo fazer aqui e agora:
Avô,
A sua Fé inquestionável em Deus e a espiritualidade
que coloca, tanto nos pequenos gestos,
como nos seus grandes feitos, relembram-nos a nobre missão do Homem na sua
passagem pelo mundo que deverá ser sempre fiel à Criação Divina. Mais que
palavras de poeta ou vãs intenções, o meu Avô assumiu a mundividência cristã ao
longo de uma vida, preenchida por façanhas, alegrias, dificuldades e tristezas.
Todo este espólio, o meu Avô entregou a Deus, na humildade da condição humana
que almeja alcançar o eterno e o divino.
(...)
Avô,
O seu sublime amor à Pátria, colocando Portugal acima
de todas as prebendas e mordomias, comovem-nos de forma sentida. Imaginamos a
sua angústia e dor ao presenciar, durante o século que viveu, a forma insana e
ignóbil como uns poucos desbarataram e destruiram património histórico da nossa
Pátria milenar.
Meu Avô lutou, sofreu e sacrificou-se pela Pátria. O
meu Avô honrou os nossos antepassados, que tinham contribuído para que Portugal
desse novos mundos ao Mundo. Neste tempo, o Quinto Império tarda em chegar.
Cabe-nos a nós, gerações mais novas, continuar o Bom Combate e honrar os nossos
antepassados. Assim o faremos.
(...)
Avô,
A sua obra de vida será sempre exemplo para os que lhe
sucedem. O seu arado foi lavrando, ao longo do tempo, um solo rico, fertilizado pelo Legado e
Património da Família. Lançou assim nova seara para ser continuada por nós e
por nossos descendentes. Assim Deus nos ajude.
Permitam-me apenas realçar o Valor da Família. Este
não se limita a pedras erguidas ou restauradas em magníficas obras, às mãos de
meu Avô, como o foram a reconstrução da Casa do Pinheiro no Douro, a criação de
um jardim natural de riqueza e diversidade ímpares na Quinta do Rêgo, em Paços
de Ferreira (...) ou até mesmo a mais recente reconstrução da Casa da Granja,
em Amarante (...).
Estas são, sem dúvida, pegadas que só um grande homem
pode deixar no seu caminho para orientação dos que lhe seguem. No entanto, a
Família e o seu legado têm como pedras angulares os Valores e os Princípios que
passam de pai para filho e para neto. "Não somos mais, nem melhor, nem
temos mais a haver nesta vida que os outros" disse-me meu Avô numa bela
tarde duriense, "Pelo contrário, temos mais responsabilidades, pois
devemos mais a esta vida, do que eles".
(...)
Por fim, agradeço ao meu Avô a sua vida, o seu exemplo
e os seus ensinamentos, que me permitem estar aqui, hoje e perante vós, a
proclamar com voz segura e bem alta o meu orgulho em ser neto de D. António.
Damos graças a Deus por podermos celebrar a vida de um
grande homem e de um grande português e é por isso que vos convido a
erguerem os vossos cálices e partilharem
connosco o nosso tradiconal brinde de Família – um grito de revolta e
inconformismo, mas ao mesmo tempo de regozijo e de esperança.“
PORTUGAL! PORTUGAL! PORTUGAL! VIVA!
Seguiu-se um
almoço-convívio no restaurante “Caldo Entornado” (253 065 578), no Centro
Histórico de Braga, após o qual o actual Administrador leu um excerto de um
artigo publicado no jornal Diário do Minho em 04.12.2017, escrito pelo assessor
do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Braga, Dr. Rui Ferreira, onde se
releva a importância primordial da Capela dos Coimbras na introdução do culto a
Nossa Senhora da Conceição no início do século XVI, não só na cidade de Braga,
mas também em todo o então Reino de Portugal, uma vez que o Arcebispado de
Braga se assumia à época como um
dos polos de maior influência doutrinária e espiritual no então Reino de D.
João III, bem como em toda a Península Ibérica. O artigo foi gentilmente
recortado e oferecido pelo Reverendíssimo Cónego António Macedo.
(Ver artigo seguinte)
(Ver artigo seguinte)
Por fim,
terminou-se o convívio com a tradicional leitura da Acta, relativa à reunião
familiar do ano de 2016, indicando-se os nomes de todos os presentes no
almoço-convívio por essa ocasião.
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